Quadrinhos

Yoko Tsuno é A Filha do Vento, em uma aventura que gira em torno da capacidade do homem de alterar intencionalmente o clima do planeta

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Escrito por PH

DSC_0262E hoje, tem Yoko Tsuno no Tujaviu, série pouco conhecida no Brasil, de autoria de Roger Leloup, um ex-assistente de Hergé. E é fácil perceber a ligação dos álbuns dessa heroína juvenil com Tintin, principalmente quando vemos os exuberantes desenhos de cenários de suas histórias.

Leloup entrou para os Studios Hergé em 1953, onde ficou 15 anos trabalhando em desenhos técnicos dos álbuns do destemido repórter de topete, como fez em O Caso Girassol e em As jóias da Castafiore. Mais tarde, seria fundamental ao redesenhar todos os aviões que aparecem na versão de 1965 de A Ilha Negra e na concepção do jato particular do milionário Carreidas, em Voo 714 para Sydney. Roger também trabalhou com Jacques Martin, outro ex-assistente de Hergé, para o qual contribuiu em Alix, Lefranc e Iorix.

Yoko, criada em 1970 para o Jornal Spirou, é uma ficção científica de traço extremante detalhado e que traz as aventuras futuristas de uma engenheira eletrônica japonesa, em meio a alienígenas, tecnologia avançada e espaçonaves extraterrestres.

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Inédita em nosso país, a personagem conta com quatro álbuns editados em Portugal, três pela Verbo e um pela Assírio & Alvim, que publicou a primeira aventura em que Yoko aparece, O Trio do Mistério, de 1972.

Depois de uma carreira bem-sucedida na BD, iniciando numa época em que ninguém imaginava que uma mulher pudesse ser protagonista de quadrinhos na Europa, a heroína chegou recentemente a seu tomo 28, intitulado O Templo dos Imortais, um feito, se levarmos em conta que o desenhistas está atualmente com 83 anos de idade.

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Na HQ da série que estou lendo, A Filha do Vento, de 1979, Yoko precisa retornar a suas origens orientais e a seu país natal em uma aventura que é praticamente um caso de família. Seu pai, Seiki Tsuno, está numa disputa com seu ex-colaborador, Ito Kazuzi, pelo controle de uma tecnologia de produzir tufões que pode afetar seriamente o clima do Japão. Enquanto Kazuki deseja usar este know-how para ter obter poderes políticos, o pai de Yoko tenta impedir seu plano maléfico. Como último recurso para deter a resistência se seu antigo patrão, o vilão Kazuzi atrai Yoko ao Japão para tentar fazê-la refém e forçar seu pai a voltar a trabalhar com ele.

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Aí está uma das melhores HQs de Yoko Tsuno que já li. Confesso que prefiro suas narrativas, cujas tramas se passam aqui mesmo na Terra, sem muitos foguetes espaciais e ETs. Pena que não sejam muitas!

Só lamento o fato de um quadrinho tão legal como esse nunca ter tido espaço editorial em nosso país. E, francamente, acho que nunca terá. O mercado de hoje deve achar que Yoko Tsuno é velha e careta demais para fazer sua estreia, um dia, nas livrarias daqui. Ou seja, nunca tivemos ou teremos um nicho juvenil e de aventuras nas HQs, pautado por um traço mais caricato e que abraça estilos, como A Escola de Marcinelle e a Linha Clara. Esse tipo de gibi carrega uma certa ingenuidade dos antigos filmes de ação da Sessão da Tarde, que pode ter ficado fora de tempo para o Brasil, o país do hoje.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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