Com muita nostalgia, “Perigo no Circo Sombrio” resgata o sentido clássico da aventura

Uma criança é encontrada aparentemente abandonada em um navio de imigrantes italianos. Sua origem é completamente misteriosa! Nos únicos documentos achados em seu poder, havia apenas o nome de sua família. Passou então a ser chamado de Peri Perilo e colocado num orfanato. De lá, fugiu várias vezes, sendo sempre recapturado, até que, numa determinada oportunidade, durante a adolescência, nunca mais voltou. Perilo não é um garoto comum. Ele tem poderes especiais que o fazem ler livros com uma rapidez incrível, saltar de telhados como um super-herói e por aí vai. Assim como seu criador, ele é apaixonado por velocidade. Não é à toa que, um dia, ao encontrar o Circo da Madame Charlotte, tenha virado mecânico da trupe e consertado a moto rosa da linda Débora Estrela, loura exuberante, pela qual se apaixonará. O amor entre os dois demorará a florescer, pois Perilo terá que enfrentar Bono Velox, atual namorado de Estrela. A mocinha em questão, aliás, é de uma sensualidade absurda, apresentada em um traço que não a deixar cair para o lado da vulgaridade. Enquanto leva a sua vidinha no circo, Perilo provoca alguns estranhos acidentes! Estes fatos o levarão a ser conhecido também como Perigo. Se tudo der certo e conseguir superar as dificuldades em seu caminho, além de controlar seus poderes especiais, poderá virar uma espécie de Evel Knievel no futuro e reinar em apresentações com todo o tipo de veículos.

Lançado com o apoio do ProacSP e Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Perigo no Circo Sombrio é o mais novo quadrinho de Aluir Amancio, um desenhista bem sucedido que faz storyboards para diversos estúdios de cinema americanos. Já trabalhou para a DC Comics, desenhando Superman Adventures, entre outros feitos internacionais. Seu começo na carreira se deu com Mauricio de Sousa. O artista foi responsável pela revista do Senninha e Andrea, a Repórter. Aluir se declara um fã de Osamu Tesuka, Jack Kirby, Hanna-Barbera e Jean-Paul Belmondo. Apesar de Belmondo ser a única influência francesa que o autor cita, minha opinião é a de que Perigo no Circo Sombrio está muito mais para o quadrinho franco-belga, do que para o americano. Folheando as páginas desta incrível HQ, vi algo dos primórdios do traço de Uderzo nele, antes do tempo em que ele começou dedicar-se a Asterix. Enxerguei nestas belas pranchas de Amancio, algo parecido com o Capitão Marvel Jr., personagem que muitos não sabem que Albert Uderzo desenhou no passado.

Que venha o segundo tomo desta saga que resgata a aventura clássica, com uma arte de altíssimo nível  e muita nostalgia. Leitura altamente recomendável que conheci na Livraria da Travessa. O quadrinho tem 64 páginas, formato de álbum (21 x 28 cm), capa em brochura e preço de R$ 36,00. Dá para chamar Perigo no Circo Sombrio de HQ exuberante!

Por PH.