Recentemente, tive o prazer de conferir Toute une vie – Tome 1: Sarah (Toda uma vida – Vol. 1: Sarah), de Claude Lelouch e Bernard Swysen, publicado no ano de 2004. Desde essa época, a HQ foi guardada com todo o carinho no acervo do site.
De um bom gosto extraordinário e desenhado num estilo clean, que se aproxima da Ligne Claire, tem a marca de Soleil Productions, cores de Fred Burton, idioma em francês, 44 páginas, capa dura e grande formato.
Sua história se passa num futuro próximo, quando a humanidade está condenada a desaparecer, por causa da poluição crescente que acaba por afetar a reprodução das pessoas. Por conta disso, em várias partes do mundo, bebês com graves aberrações nascem e morrem em poucos instantes, vítimas da degeneração de espermatozoides. Esta leva de pequenos infelizes, que não terão chance de viver, passa a ser conhecida como crianças monstros.
Depois, a narrativa abraça três existências, cujas trajetórias se confundem com grandes acontecimentos históricos do século XX, incluindo a Segunda Guerra Mundial, Guerra da Argélia, assassinato de Kennedy e morte de Marilyn Monroe. Dois destes protagonistas são um judeu rico (órfão de nascença e viúvo) e sua filha mimada, Sarah, que foi privada do contato com a mãe, morta ao lhe dar a luz. Para fazer com que se esqueça de sua louca paixão por um famoso astro da música (Johnny Halliday), seu progenitor decide viajar com a garota por vários lugares do planeta, chegando a passar pelo Rio de Janeiro, onde a leva para conhecer o Pão de Açúcar.
O outro personagem da trama, com o qual Sarah não se encontra neste álbum, é um jovem delinquente que, volta e meia, tem problemas com a lei, precisando inevitavelmente encarar prisões e fugas desesperadas. Tanto este último citado como Sarah tem muitas lições a aprender com a vida. O ensinamento para os dois acontece sem que percebam.
Esta publicação não é exatamente a adaptação para os quadrinhos de um dos filmes mais famosos de Lelouch, Toute une vie (Toda uma vida), embora trate-se de roteiro a parte que desenvolveu para a banda desenhada. Também não chega a ser uma ficção científica, apesar do começo de trama que vai por este caminho. Tudo é contado com um certo tom reflexivo, que faz o leitor pensar sobre questões políticas, religiosas e de relacionamento entre os sexos e os diferentes povos.
Ressalto a qualidade do traço de Bernard Swysen, caprichado em detalhes de cenários e vestuário e preenchido por cores exuberantes. A capa que o artista preparou para a edição é simplesmente divina, mostrando Sarah tentando se encantar pela música que sai de uma antiga vitrola portátil.
Por PH.
Uma super injeção de ânimo para quem quer fazer transformações na vida tujaviu,deve ser uma leitura cativante tai gostei , arte de muito bom gosto. Obrigada por compartilhar.
Uma história comovente e emocionante PH, nem tenho palavras para dizer o que essa historia significou para mim depois que li sua matéria ela parece tão triste..