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De Bob de Moor, “Barelli: Y El Buda Cabreado” critica crescente escalada armamentista no mundo

Escrito por PH

DSC05060Barelli: Y El Buda Cabreado (Barelli: E O Buda Aborrecido) é mais uma HQ que faz parte da coleção espanhola, da NetCom2 editorial, dedicada ao célebre personagem criado pelo belga Bob de Moor. Ela começou a circular em 2013. Impressa em Barcelona, custa salgados 96 euros, preço que é justificado, devido à tiragem limitada de 600 unidades. Seus álbuns não são vendidos separadamente. Em Y El Buda Cabreado, de 1974, Barelli é convidado por Crounchir para que cante no dia de sua independência em seu território. Aproveitando que já está mesmo partindo em turnê com sua trupe teatral, nosso herói aceita a proposta. O problema é que o vizinho desta nação, Yogadhor, que faz aniversário de independência no mesmo dia que Crounchir, também quer que Barelli faça uma apresentação em comemoração à data. É óbvio que o ator é obrigado a recusar o convite. Não satisfeito com a “desfeita”, Yogadhor dá todo o tipo de presentes a Barelli, achando que o convencerá a mudar de ideia. Como isso não acontece, parte para ações mais violentas que poderão colocar em risco a segurança do grupo de atores. No final das contas, o avião em que estão é perseguido por aviões militares de Yogadhor, sendo obrigado a fazer uma aterrissagem forçada. Todos vão parar numa cidade pacifista, perto de Cabul (Afeganistão), onde existe uma gigantesca estátua de Buda, cavada em uma pedra, posicionada de costas. O monumento teria sido erguido para representar o desapontamento do mestre religioso com o desentendimento e guerras entre os povos. Por causa desta insatisfação, resolveu dar as costas para o mundo. Conseguirá Barelli realizar seu espetáculo em Crounchir, sem continuar a ser ameaçado por Yogadhor? No meio disso tudo, todas as armas compradas pelos dois países somem sem deixar pistas. Haverá alguma relação do misterioso vilarejo em que caíram nossos amigos com este desaparecimento? Barelli: Y El Buda Cabreado não deixa de ser uma crítica ao aumento de conflitos armados no mundo, tornando a obra bem atual. Neste aspecto, a HQ se aproxima incrivelmente do que acontece atualmente entre a Rússia e a Ucrânia, muitos anos antes do embate entre as duas nações existir. Lembro que na época em que esta narrativa foi escrita, não existia o conceito de União Soviética fragmentada. Por outro lado, Crounchir e Yogadhor poderiam até representar, simbolicamente, Índia e Paquistão, outros dois países que vivem às turras. Quem comprar esta HQ e o restante da série também terá acesso à biografia escrita por Gilles Ratier, intitulada “Barelli: En el corazón de la Línea Clara” e a 8 ex-libris. Os exemplares tem capa dura e formato 22 x 30 cm. Para quem não sabe, Bob de Moor faz parte dos monstros sagrados da Nona Arte. Dos seus 40 anos de carreira, passou 35 como principal assistente de Hergé. O ator e detetive Barelli apareceu pela primeira vez na revista Tintin, em 1950. Junto com o famoso repórter aventureiro de topete, é um dos pilares da Ligne Claire”, estilo de fazer HQs que privilegia uma certa simplicidade nos traços de personagens, cores chapadas e pouco ou nenhum sombreado. A semelhança entre estes dois heróis dos quadrinhos é inevitável. É como se Tintin continuasse vivo, perpetuado pela esmerada arte de Bob de Moor. É simplesmente Imperdível! Além disso, trata-se de uma ótima oportunidade para se começar a aprender a língua espanhola, idioma tão próximo do português e bastante renegado pelos brasileiros, que geralmente optam por aperfeiçoar seu inglês. A seguir, veja a capa deste quadrinho que serviu de base para a matéria e foto com todos os outros volumes da série.

Por PH.

Imagens: Bob de Moor & Le Fureteur sprl / BD Must / NetCom2 editorial.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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