Quadrinhos

Segunda parte de Mickey Maltese encerra homenagem italiana de Bruno Enna e Giorgio Cavazanno ao emblemático marinheiro criado por Hugo Pratt

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Escrito por PH

DSC02133E aqui estamos nós com a segunda parte de Mickey Maltese, um quadrinho que, pelo menos no Rio de Janeiro, dá muito trabalho para ser achado. E é justamente o que faz homenagem a um dos ícones das HQs europeias.

Editado mais recentemente no Brasil pela NemoCorto Maltese ganhou uma sensacional homenagem no país, via Editora Abril. Entre junho e julho de 2017, a empresa detentora de direitos da Disney no país publicou as revistas Mickey, respectivamente 898 e 899, reverenciando o personagem criado pelo desenhista e argumentista italiano Hugo Pratt.

Trata-se de HQs produzidas na Itália, onde o rato mais famoso dos quadrinhos e desenhos animados é chamado de Topolino.

Esses dois números especiais, cujo título original é Una Ballata del Topo Salato (A Balada da Água Salgada), com roteiro de Brunno Enna, desenhos de Giorgio Cavazanno, arte-final de Sandro Zemolin e desing gráfico de Lua Azul,  aproveitam para comemorar os cinquenta anos de existência do emblemático marinheiro da banda desenhada. A novidade coincide também com  o quinquagésimo aniversário de trabalho de Cavazzano na Disney e faz uma paródia com o álbum de Corto MalteseA Balada do Mar Salgado.

Não é novidade que as edições de Mickey glorifiquem importantes figuras da BD e do fumetti, como já fizeram com Tintin, Asterix e Dylan Dog.

No número um da HQ, Mickey aparece vagando amarrado à uma pequena jangada no mar, após sua tripulação se amotinar e o jogar no oceano, sendo resgatado pelo navio do Capitão Bafosputin, a versão Maltese do Bafo de Onça. Na embarcação, o rato encontra Minni Dora Groviermoore, filha de um famoso armador de cape rat, mantida prisioneira por Bafosputin, depois que o vilão afundou a goleta da jovem. A eles, se juntará mais tarde Patetarao, um nativo Maor, cujo povo se orienta pela trajetória de albatrozes e salmões. Depois do navio do Bafo ser destruído pelo submarino terrível, OrangünterMickey Maltese, Minni Dora e Patetarao conseguem se salvar e, depois de passarem por uma tempestade em alto-mar, são lançados numa ilha habitada pelos Ratuas.

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Na sequência que tenho agora em mãos, depois de um sufoco para encontra-lo, o submarino do pirata Orangünter se encontra navegando em direção à Ilha do Túnica Negra: A Ilha Escondida. Mickey, antes prisioneiro, é libertado, mas continua cativo de uma certa forma. E tudo pode piorar, pois o Túnica Negra pretende usar a igualmente refém Minni Dora Groviermoore (Jóia Romântica) para extorquir o tio da moça, o Almirante Cintramoore, versão Maltese do Coronel Cintra. Novos perigos aguardam nossa turma.

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O herói Corto Maltese nasceu no ano de 1877 em Malta, uma ilha que pertenceu à Inglaterra, até 1964. Sua nacionalidade é, portanto, britânica. Filho da bela e célebre Niña de Gibraltar e de um homem do mar, ele cresceu num ambiente de magia, fruto da descendência cigana da mãe, e influenciado pelo lado aventureiro do pai, originário de uma terra de piratas. Assim, Corto passou parte de sua infância e adolescência a consumir romances de aventuras. Quando tinha por volta de vinte anos de idade, partiu sozinho para vivenciar sua própria história, profundamente embalada pelo conteúdo que absorveu dos livros que leu. Logo, conheceu Rasputin, desertor do exército russo, que se tornaria um personagem chave em suas tramas.

Em relação ao pai de Corto, Hugo Pratt nasceu em 1927 e faleceu, em 1995, na Suíça. Por aqui, Pratt já é conhecido por algumas publicações nacionais de Corto Maltese e pelo álbum HP e Giuseppe Bergman, de 1983, de autoria de Milo Manara, no qual Hugo participa da trama como personagem secundário. A carreira de Pratt no mundo das HQs começou em 1945. Somente em 1967, ele criaria Corto Maltese, cuja primeira aparição solo se deu justamente na história A Balada do Mar Salgado, editada na revista Sgt. Kirk e idealizada por ele e por um amigo. Desde os anos 1970, surgiram bem cuidados títulos de Corto Maltesepela editora francesa Casterman e através de outros selos editoriais internacionais. No Brasil, teve material em preto e branco sob a marca da Pixel Media.

Cada um dos Mickey Maltese da Abril tem 52 páginas e preço de R$ 4,50, nada que vai deixar seu bolso mais pobre do que a crise deseje que ele fique!

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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