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Black Face, a aventura de Os Túnicas Azuis que tem a questão escravagista da Guerra Civil Americana como pano de fundo

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Escrito por PH

fgfggfgTenho que confessar que não vibrei tanto com as edições nacionais de Os Túnicas Azuis dos anos 1980, pela brasileira Martins Fontes, como estou agora, acompanhando suas edições que levam a marca da portuguesa parceria ASA/Público. É que foi publicada uma seleção de 15 títulos em capa dura desses heróis do finalzinho da época do Faroeste, sendo que nove, completamente inéditos em terras lusitanas. Todos saíram entre 2016 e 2017.

Normalmente, tenho lido um álbum atrás do outro, algo que nunca havia acontecido com o Lucky Luke, série que Os Túnicas Azuis substituíram na revista Spirou, em 1974, quando o personagem criado por Morris migrou para PILOTE.

Para quem nunca leu, trata-se de uma BD franco-belga humorística e de traço caricato, criada em 1968 por Raoul Cauvin (texto) e Salvérius (arte). Mais tarde, em 1972, com a morte de Salvérius, a franquia passou a ser assinada pela dupla Cauvin/Lambil.

Os Túnicas Azuis tem a Guerra de Secessão (Guerra Civil), conflito que opôs Norte (Yankees) ao Sul (Confederados), como cenário histórico para suas tramas. Nelas, o Sargento Cornelius Chesterfield e o Cabo Blutch são os dois protagonistas com temperamentos diferentes e que vivem uma relação antagônica, ao mesmo tempo em que se amam e se odeiam. O Sargento Chesterfield é o mais durão dos dois e, volta e meia, tem que chamar a atenção de seu “amigo” pela maneira informal com a qual o trata. Blutch é, na maioria das vezes, a cabeça pensante da dupla e possui uma grande vontade de desertar, cansado do serviço militar.

Acabei de ler Black Face, o volume nove dessa coleção ASA/Público, uma aventura de 1983 que foi originalmente editada pelas Edições Dupuis da Bélgica. Nessa HQ, a guerra parece que irá demorar bem mais do que o previsto e as baixas de soldados são inúmeras em ambos os lados. As primeiras páginas do quadrinho mostram, inclusive, vários recrutas azuis sendo enterrados em covas cavadas por ex-escravos, agora engajados no Exército Yankee. É bom lembrar que o Norte dos Estados Unidos nessa época era abolicionista, enquanto o Sul mantinha seus escravos trabalhando sem liberdade e jamais os alistaram em suas tropas.

A narrativa é então baseada nessa delicada questão escravagista, a partir do momento em que o General Alexander decide que um de seus soldados negros, infiltrado entre os escravos Sulistas para semear revoltas, poderia ser o meio mais rápido de por fim à guerra. Incapazes de enfrentar rebeliões de sua grande massa trabalhadora forçada, os Confederados seriam obrigados a capitular.

O escolhido para a missão é Black Face, um desafeto de Chesterfield, com o qual já teve alguns desentendimentos violentos. Por ironia do destino, o próprio Chesterfield escoltará o homem até o Sul, acompanhado por Blutch. Eles são a garantia de que o enviado não fuja. O problema é que Blackface resolve inflar seu povo contra todos os brancos, Nortistas e Sulistas, deixando a situação incontrolável. Até Chesterfield e Blutch são ameaçados pelo novo líder que se formou e são obrigados a fugir.

Adorei! Parto agora para a leitura de O FRADE, o número sete dessa coleção. Aviso que não estou conferindo essas BDs na ordem!

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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