Quadrinhos

Conferimos “Os Jacopo no Japão”, um quadrinho de Jean-Louis Floch que tem muito da estética de Hergé e de Edgar Pierre Jacobs

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Escrito por PH

mat-jacobQuando a gente gosta verdadeiramente de Tintin, chega uma hora em que não dá mais para se contentar com os álbuns existentes da coleção do herói belga criado por Hergé ou com novidades anuais da saga de Blake e Mortimer, idealizada por Edgar Pierre Jacobs.

A solução então é procurar por outros autores que emulam o traço desses dois baluartes do quadrinho europeu, como René Sterne, Bob de Moor, Jacques Martin, Joost Swarte, Yves Chaland, Ted Benoit, André Taymans, RégricJean-Claude Floc’h e Jean-Louis Floch, entre vários.

E é do último citado em uma lista de grandes perpetuadores da Linha Clara que chega o quadrinho tema desse artigo.

Se prepare para conhecer uma franquia da BD desenhada por Jean-Louis Floch, irmão de Jean-Claude Floc’h (A Trilogia Inglesa de Sir Francis Albany), com roteiro de Colette Tournès e cores chapadas de Catherine Legrand. Só esse nome já remeteria obviamente a E. P. Jacobs, embora não possa afirmar que a escolha tenha tido esse fim!

Os Jacopo são uma trupe de circo itinerante. Os dois jovens primos franceses, Pol e Nella, são integrantes do grupo e protagonistas da série. A dupla possui um engraçado ganso de estimação, Farine, cujos sons que emite, suas gasnadas, são constantemente traduzidos pelos autores nas pranchas do quadrinho. É como a exibição dos pensamentos de Milu!

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No primeiro álbum da saga, Les Jacopo au Japon (1981), editado pela ASTRAPIFarine, Pol, Nella e o avô dos meninos viajam para Tóquio, no Japão, com o objetivo de vender seu trabalho circense para uma emissora de TV que está interessada em divulgar o trabalho de artistas estrangeiros, fazendo um documentário sobre Os Jacopo. Logo chegam a Tóquio, mas vão primeiro a Osaka, capital dos marionetes, onde ficam hospedados na casa dos amigos Aya e de sua filha Akiko. O Senhor Aya tem um centro de conserto de marionetes, vizinho a Komatsuo, o mais célebre de todos os artistas de marionetes de Osaka, que anda bastante ressentido com a perda de interesse que sua arte vem enfrentando por parte do público. Mas o filho de KomatsuoKy, que mais sente o baque desse mercado de espetáculos e se incomoda com a concorrência que os recém-chegados europeus possam representar para os negócios já bastante enfraquecidos de sua família. Ele fará tudo para sabotar a ida de nossos amigos a Tóquio e inviabilizar sua reunião marcada com os dirigentes do canal de televisão que os convidou.

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Trata-se de uma divertida leitura, apoiada por uma representação muito detalhada de pontos famosos da capital japonesa. Estão lá as ruas da metrópole, seus apressados habitantes, tráfego intenso, a estação de trens de Tóquio, um rápido trem-bala e shoppings. São 42 páginas coloridas que só não são conferidas mais rapidamente, pois paramos o tempo todo para admirar a beleza de cada quadro.

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Nas representações de japoneses com vestimentas mais tradicionais e no desenho de carros e prédios, dá para sentir uma aproximação com As Três Fórmulas do Professor Sato, história de Blake e Mortimer que também se passa no Japão.

Os Jacopo no Japão foi a estreia estreia de Floch na BD e merece todos os elogios de nossa parte. Se todos os quadrinistas fizessem sua estreia num nível tão bom como esse, seria uma maravilha! Se inspirando em Tintin ou em Blake e Mortimer, esse trabalho nos deixa ainda mais fãs da Linha Clara, estilo que não para de ter a seguidores.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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