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Resenhamos Bem-vindo a Alflolol, um dos mais políticos álbuns de Valerian, O Agente Espaço-Temporal

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Escrito por PH

mat-valerianValerian, O Agente Espaço Temporal foi criado em 1967 por Jean-Claude Mézières (desenhos) e Pierre Christin (roteiro), dois amigos franceses de infância que moravam na mesma rua. A colorista da HQ é própria a irmã de Mézières, Évelyne Tranlé, cujo crédito por sua atuação só foi começou a ser dado na aventura O Império dos Mil Planetas.

Clássico da ficção científica, já vendeu mais de 2.500.000 exemplares, embora seja conhecido dos brasileiros, apenas por tiras em jornais do personagem que foram publicadas em jornais e pelas edições importadas de Portugal que aqui chegaram ao país.

A bordo de sua nave, os dois jovens agentes Valerian e Laureline viajam pelo espaço, realizando as mais variadas e perigosas missões.

Influência forte de George Lucas para ciar Guerra nas Estrelas, a franquia chegará em 2017 aos cinemas, através do filme Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, baseado em um dos álbuns da série. O longa é uma adaptação de Luc Besson (O Quinto Elemento).

Além dessa esperada produção, é bom lembrar que Valerian já havia ganho uma versão em anime no Japão, à qual eu nunca assisti, exibida pela primeira vez na França em 2007.

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Bem-vindo a Alflolol (Bienvenue sur Alflolol), de 1971, é um título da coleção que conferi recentemente, graças a um volume lusitano que guardo e que tem a marca da Meribérica. O quadrinho em capa dura foi publicado na Europa no final dos anos 1980.

Esse é talvez o argumento mais político da série e gira em torno dos habitantes de Alflolol. Capazes de viverem por anos a fio, Argol, Garol, Orgal e o bicho de estimação Goumon resolvem fazer uma “pequena” viagem de 4000 anos para explorar novos mundos. Quando tentam retornam a seu lar, são barrados por um escudo de proteção que não existia anteriormente. É que agora, seu mundo se encontra controlado pelos humanos e virou Technorog, uma espécie de colônia de exploração terrestre. Assim que Valerian e Laureline, partem de Technorog para um trabalho de inspeção, se deparam com a nave dos tais estranhos seres, no momento em que Laureline cai num misterioso estado cataléptico. Garol, que está muito doente, é a única que possui poderes para curar Laureline. As duas são levadas para o centro médico da nave de Valerian e tudo se resolve. Uma amizade começa entre os dois grupos.

Devido a uma série de regulamentos, é impossível que os antigos moradores de Technorog sejam impedidos de regressar ao seu lugar de origem, o que traz problemas aos governantes locias e à incessante produção industrial que ali se estabeleceu. Caberá a Valerian, mediar esse conflito de interesses e fazer com que os recém-chegados estrangeiros vivam em paz com os humanos, abrigados numa áreal que seja igualmente ideal para eles. Por não conseguir sucessivamente uma boa solução para o caso, Valerian é hostilizado por Laureline, que praticamente rompe com ele e fica ao lado de seus queridos extraterrestres .

Por trás de todo esse impasse, há uma reflexão sobre os impactos de uma sociedade profundamente industrializada sobre o meio ambiente. Nessa história, também fica em evidência a questão dos refugiados, que não estava tão em voga na época em que a HQ foi concebida. Mezières e Christin não imaginavam que aconteceria, mas vivemos uma crise migratória sem precedentes. Tudo isso deixa o álbum incrivelmente atual!

Note que em português de Portugal, Benvindo não leva hifen e é escrito com a letra N!

Em breve, publicarei a resenha de Os Fantasmas de Inverloch, mais um quadrinho de Valerian.

Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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