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Enquanto isso, em São Paulo, Gi Pausa Dramática se transforma na heroína January Jones

Escrito por PH

fgffgfg1E a personagem da banda desenhada que deu origem a este post tem origem holandesa, embora também tenha sido editada na Bélgica. Ela encarna perfeitamente o espírito de Tintin, pegando carona óbvia no jeitão aventureiro de Indiana Jones e tomando para si elementos de Amelia Earhart e Mata Hari. Criada em 1986 pelo desenhista holandês Eric Heuvel, em parceria com o roteirista Martin Lodewijk, já recebeu os nomes de Jennifer Jones, Jenny Jones e January Jones.

A personagem é piloto de avião e enfrenta muitos perigos, ao redor do mundo, durante o final da década de 1930. Tudo é conduzido por um texto ágil e cheio de mistérios, recheado de dados geográficos e abrilhantado pela aparição de figuras históricas. Em sua primeira história publicada no Brasil, Jones terá uma aventura mais terrestre, correndo no perigoso Rali de Monte Carlo. O álbum terá a minha tradução e já está entrando em processo de impressão na gráfica.

Enquanto a versão nacional de January Jones, programada para breve, ainda não deu as caras nas livrarias, publico a entrevista que fiz com Giovana Pausa Dramática e as belas fotos que ela tirou, inspirada na heroína de estilo Linha Clara da mais querida heroína dos Países Baixos. Trata-se de um feito surpreendente, em virtude de Jones ainda ser uma ilustre desconhecida no país. E olha que o resultado final valeu toda esta produção, ousadia e ineditismo Cosplay na escolha do tema! Antes de postar minha conversa por e-mail com a Gi, aproveito para reproduzir a montagem que produzi, colocando-a lado a lado deste ícone neerlandês que lhe deu tanta inspiração.

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Entrevista:

1 – Poderia se apresentar?
​Gi Pausa Dramática é revisora, graduanda em Letras com apreço por estética do século XIX, danças do início do XX e livros de um futuro distante. ​Oscila entre figurinos originais e cosplays em ensaios fotográficos e eventos, além de colaborar com resenhas no blog literário Sem Serifa.

2 – Como surgiu a ideia de fazer as fotos?
O convite de Arthur Vecchi, da Avec Editora, para encarnar a personagem me deixou bem empolgada. Não conhecia a January Jones, mas bastou ver algumas referências para escolher o cenário: o Palácio das Indústrias, que já foi sede da prefeitura de São Paulo e onde hoje funciona o Catavento Cultural. Foi uma escolha bastante óbvia, pois o lugar conta com um avião e meio É que além de possuir um imponente DC-3, ​modelo produzido entre 1930 e 1940, o museu recentemente ganhou partes de um avião bandeirante, que são a cabine e o nariz que aparecem em algumas das fotos. Com isso em mente, contatei Gabriel Fox (www.foxximage.com), para ver se ele toparia clicar o ensaio. Para a minha alegria, ele aceitou e fez o registro com as habilidades, lentes e truques analógicos maravilhosos que sempre incrementam minhas produções.

3 – Como foi uma das poucas a ler o quadrinho, gostaria que me dissesse o que achou dele.

Durante a leitura, me diverti bastante e não pude deixar de associar aos quadrinhos de Tintim. A melhor parte para mim foi ver que a personagem é uma mulher divertida, destemida e que contesta explicitamente esteriótipos de gênero, o que é especialmente delicioso de se ver dentro do contexto histórico das décadas de 30/40. Costumo me considerar uma viajante do tempo, e, embora minhas produções mais frequentemente tenham referências na estética da Era Vitoriana, essas décadas iniciais do século XX se fazem bastante presentes na minha vida, especialmente depois que comecei a dançar Lindy Hop.

4 – E como tudo isso influenciou nas fotos?
​Li a HQ, prestando bastante atenção às roupas e às expressão de Miss Jones, para ser o mais fiel possível no ensaio. Para elaborar o figurino, eu poderia ter utilizado algumas peças que tinha em casa, mas acabei optando por procurar roupas com um caimento e cores mais fiéis, desde a simples blusa branca​ até a desafiadora calça. Montei o figurino em aproximadamente uma semana e a única peça que permaneceu dos testes iniciais foi a jaqueta, que era da minha avó. No dia do ensaio, foi bastante divertido e desafiador tentar transmitir toda a energia de Jones sob tantas camadas pesadas roupa e um sol de mais de 30 °C.

5 – O que acha do aumento da participação de personagens femininas nas HQs?
Eu não tenho tanta certeza de quão expressiva ele é em termos de quantidade. Mas, de fato, é palpável que as personagens femininas têm ganhado mais destaque e complexidade, não apenas saindo da condição de coadjuvantes (e de Eye Candies) para ganharem as próprias revistas. Essa mudança é muitíssimo bem-vinda e acredito que seja um reflexo não só das demandas de melhor representação por parte do público, mas também da maior atuação feminina dentro da indústria, participação esta que está sendo positivamente reconhecida, inclusive nas indicações do Eisner Awards.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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